terça-feira, 28 de abril de 2009

Mucio Magalhães: "Crise não pode sacrificar os trabalhadores"

Em pronunciamento nesta terça-feira (28), o presidente da Câmara, Múcio Magalhães (PT), falou sobre o Dia do Trabalhador, celebrado na próxima sexta-feira, 1°. de maio. Com um discurso voltado para a crise mundial e o papel do Estado na superação dela, Múcio convocou os trabalhadores brasileiros a unir forças para superá-la.

Em 28.04.2009
Às 16:45

A Historia do dia 1º de maio

“Em 1º. de maio de 1886, iniciou-se uma greve geral com milhares de trabalhadores nas ruas de Chicago, nos Estados Unidos, pela redução da jornada de trabalho de 16 para 8 horas diárias. Nos dias que se seguiram, houve vários enfrentamentos com a polícia que causaram a morte de dezenas de cidadãos. Em 1889, a 2ª. Internacional Socialista decidiu convocar anualmente uma manifestação para lutar pela jornada de 8 horas, sempre em 1º. de maio, em homenagem às lutas em Chicago.

Em 1º. de maio de 1891, uma manifestação na França é dispersada pela polícia causando a morte de dez manifestantes. Esse novo drama serve para reforçar a luta dos trabalhadores. Em 1919, o Senado francês aprova a jornada de trabalho de 8 horas e proclama o dia 1º. de maio feriado. Um ano depois, a Rússia também adota o feriado e o exemplo é seguido por muitos outros países.

A passagem do 1º. de maio deste ano tem como destaque a crise capitalista, que está no centro da conjuntura mundial e possui diversas dimensões: financeira, econômica, social, alimentar, energética, ambiental, política, ideológica. Embora seu impacto sobre cada país seja diferente, ela atinge todo o planeta.

Esta é uma crise clássica do capitalismo, decorrente da contradição entre a capacidade cada vez maior de produção social e a capacidade efetiva de consumo da sociedade. É um problema estrutural, e não apenas de uma “diferença” entre a “oferta” e a “demanda”, pois centenas de milhões de pessoas têm suas necessidades cotidianas reprimidas e não atendidas porque não têm meios para adquirir mercadorias e, portanto, não têm como contribuir para a realização dos lucros e a acumulação.

A crise desmascara e desmoraliza a ideologia neoliberal. O que antes era feito, mas não era assumido, agora é praticado descaradamente, mostrando que o modo de produção capitalista gera conflitos periódicos e possui fraturas estruturais, dependendo da ação do Estado para sobreviver. A continuidade ou não deste modo de produção não é inevitável, nem uma imposição da natureza, mas sim uma opção política e social.

Cabe aos partidos de esquerda, aos movimentos sociais e aos governos vinculados aos trabalhadores estimular um amplo e qualificado debate sobre a crise e sobre as alternativas, mobilizando as classes trabalhadoras em defesa da manutenção e ampliação de suas conquistas e adotando medidas práticas no sentido de superação em favor das maiorias. Não comemoramos a crise, pois ela traz sofrimentos para dezenas de milhões de trabalhadores em todo o mundo. Mas não podemos nos acovardar, pois ela constitui uma extraordinária oportunidade, tanto para impor limites ao capitalismo quanto para iniciar um novo ciclo de tentativas de construção do socialismo.

A existência, no Brasil, de um governo integrado por forças progressistas e de esquerda é peça fundamental da atual correlação de forças na América Latina. E a resistência continental à crise dependerá, igualmente, da nossa capacidade de combinar crescimento interno com integração econômica e social. O governo Lula reagiu com mais investimentos públicos e sociais, mais mercado interno, mais Estado, mais integração continental. O rumo geral destas medidas é correto.

Em meio a esta nova crise do capitalismo, os trabalhadores têm que se mobilizar para não serem sua principal vítima. Isto porque os capitalistas querem transferir a fatura da crise que geraram para a conta dos cidadãos. Isto não pode ser permitido. A luta tem que ser contra as demissões, pela estabilidade no emprego e a geração de mais postos de trabalho, com a redução das horas extras e da jornada para 40 horas semanais, e pela reforma agrária.

Neste 1º. de maio de 2009, juntemos as nossas forças para reafirmar a história de luta da classe trabalhadora em todo o mundo, superar a crise e conquistar um Brasil justo, democrático e socialista”.

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