Duas convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que mexem com o mercado de trabalho, foram enviadas ontem ao Congresso pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A mais polêmica é a Convenção 158, que cria barreiras à demissão sem justa causa no setor privado.
A mais polêmica é a Convenção 158, que cria barreiras à demissão sem justa causa no setor privado.
A medida foi saudada pelos sindicalistas presentes à solenidade no Palácio do Planalto, mas foi recebida com preocupação pelos empresários. Para o consultor de Relações do Trabalho da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Dagoberto Lima Godoy, os termos da convenção "engessam ainda mais" as empresas quanto a demissões, o que pode ter efeito negativo sobre a economia.
Um dos artigos determina que qualquer dispensa injustificada, individual ou coletiva, tenha de ser previamente negociada com o sindicato dos trabalhadores. Quando a empresa alegar motivos econômicos para demitir, terá de justificá-los.
- Isso cria regras tão rígidas que inviabiliza a competitividade, o que não coaduna com a situação da economia mundial, que exige cada vez mais competição - declarou Godoy.
A segunda convenção, de número 151, determina que a administração pública faça negociação coletiva com os funcionários, abrindo caminho para a regulamentação do direito de greve no serviço público.
Os Sindicalistas elogiaram a iniciativa do governo e convoca a todos sindicatos a ficarem "alertas" contra o surgimento de propostas para acabar com a multa rescisória de 40%, cobrada hoje sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em caso de demissão injustificada.
O fim da multa, disse ele, poderia ser uma contrapartida à ratificação da convenção.
Temos de garantir uma fórmula de manter a multa.
Godoy, da CNI, negou que exista essa discussão entre os empresários. No entanto, na sua opinião, faz sentido acabar com a multa, já que as regras da Convenção 158 criam barreiras ainda mais fortes contra as demissões sem justa causa.
Godoy, da CNI, negou que exista essa discussão entre os empresários. No entanto, na sua opinião, faz sentido acabar com a multa, já que as regras da Convenção 158 criam barreiras ainda mais fortes contra as demissões sem justa causa.
É a segunda vez que o governo brasileiro envia ao Congresso o texto da Convenção 158. Ainda na administração Itamar Franco a mensagem chegou ao Legislativo, que a aprovou em 1996, no governo Fernando Henrique Cardoso. Mas antes que a ratificação completasse um ano e a Convenção entrasse em vigor (como determina a OIT), o então presidente FHC a revogou por decreto.
Houve muita pressão dos empresários à época - disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique.
O presidente Lula elogiou a união das centrais sindicais em torno deste e de outros assuntos de interesse dos trabalhadores e prometeu fazer com que a base política de apoio ao governo no Congresso vote rapidamente os textos.
Lula brincou com a velha rivalidade entre as centrais sindicais:
Vocês não precisam se gostar, não precisam se amar, não vão fazer casamento entre vocês. As convergências são infinitamente maiores do que as divergências. (Zero Hora).
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